Comunicação Política
13-04-2015

O vídeo de Hillary Clinton

LUÍS PAULO RODRIGUES

A primeira página do jornal francês “Liberation” desta segunda-feira, 13 de abril de 2015, está muito bonita: mostra-nos Hillary Clinton como tema principal, depois de ela, ontem, ter surpreendido os cidadãos norte-americanos e o mundo político ao anunciar através de um vídeo, e não numa declaração formal à imprensa, a sua candidatura a ser nomeada pelo Partido Democrata como candidata à presidência dos Estados Unidos, nas eleições de 2016.

O meio escolhido e o conteúdo estão a ser considerado inovadores. Para construir o vídeo, os assessores de comunicação política de Hillary Clinton limitaram-se a fazer aquilo que é simples e essencial numa campanha eleitoral: falar ao coração dos eleitores, identificar-se com eles, com os seus problemas e com as suas expectativas.



Na era da sociedade da comunicação, em que as pessoas querem ser elas próprias as protagonistas de todas as experiências, o marketing político de Hillary limitou-se a fazer aquilo que é elementar para o sucesso de uma candidatura à liderança de um país: colocou os futuros governados no centro da sua comunicação.

Neste caso, criou um vídeo dinâmico, curto para ser visto por quem tem pressa (tem a duração de 2 minutos e 18 segundos), em que cidadãos americanos comuns aparecem, partilhando com todos momentos importantes que estão para acontecer nas suas vidas.

No final do vídeo, a cereja no topo deste bolo comunicacional de grande efeito mediático, aparece Hillary Clinton, como mãe protetora da pátria, revelando que também ela tem algo de muito importante a partilhar: vai ser candidata a Presidente dos Estados Unidos da América.

Assim como as redes sociais ficaram na história na primeira eleição de Barack Obama, este vídeo deverá ficar também nos anais da comunicação política, uma vez que, pela primeira vez, um candidato à presidência de um grande país, neste caso uma candidata, anuncia a sua candidatura sem estar presente fisicamente, através de um vídeo em que dá primazia aos eleitores. Ora, o que qualquer país precisa de ter na governação é justamente políticos que, nas suas decisões, ofereçam a primazia aos eleitores, cumprindo, de forma clara e transparente, os compromissos assumidos.

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