Relações Públicas
25-11-2015

Os três princípios das relações públicas

As relações públicas são um conjunto de atividades que concorrem para a concretização dos objetivos de uma organização, que pode ser empresarial ou de outra natureza. Em matéria de política empresarial, o trabalho das relações públicas deve estar focalizado em duas frentes: interna e externa. Na frente interna para criar e manter um fluxo de informação que abranja todos os setores da organização, estabelecendo mecanismos de resposta adequados entre dois pólos – administradores e administrados. Na frente externa para ajudar a estabelecer e manter linhas mútuas de comunicação, entendimento, aceitação e cooperação entre a organização e os seus públicos (os consumidores, os grupos especializados da sociedade, o mercado, o Governo, a comunidade envolvente).
Daqui decorrem três princípios fundamentais, identificados por Joaquim Caetano e Luís Rasquilha, no livro “Gestão da Comunicação” (Lisboa, Quimera Editores, 3ª Edição, 2007): o princípio da comunicação, o princípio da vizinhança e o princípio da cidadania.
O princípio da comunicação é um princípio basilar. Qualquer organização que deseje manter uma imagem favorável junto do seu público terá de lhe dar conhecimento das suas atividades, do seu trabalho e da sua organização interna, criando, para o efeito, um sistema permanente de comunicação. Esse clima de diálogo entre a empresa e os públicos deve ser criado por iniciativa da administração, através da “comunicação institucional”, que é o sistema de comunicações estabelecido no interior e com o exterior da organização. A comunicação institucional está baseada numa política de comunicação sustentada em quatro pontos: em primeiro lugar, a comunicação institucional tem o dever de informar, enquanto os administrados têm o direito à informação, no respeito pelos valores humanos das instituições e pelos valores democráticos vigentes na comunidade. Em segundo lugar, a instituição é assumida como um pressuposto fundamental para a integração dos administrados nos seus objetivos. Em terceiro lugar, a comunicação interna é vantajosa, porque um trabalhador bem informado funciona como um líder de opinião na difusão das mensagens. Finalmente, a política de comunicação traduz o respeito da instituição ao direito da comunidade em aceder à realidade institucional.
O princípio da vizinhança tem a ver com o facto de o vizinho estar em boas condições para observar e julgar as ações da instituição, o que lhe permite exercer grande influência sobre ela. A vizinhança é, por isso, fonte de hostilidade e de conflitos com a instituição. As relações públicas devem contribuir para que essa fonte seque, para que a hostilidade ceda lugar à aceitação, para que as situações de conflito sejam substituídas por situações de harmonia. Este princípio defende que a instituição se deve comportar como um “bom vizinho”. Quanto maior for a proximidade social dos públicos em relação à instituição, maior deve ser a atenção que eles merecem dos profissionais de relações públicas.
Finalmente, o princípio da cidadania, cada vez mais importante na comunicação contemporânea. A instituição deve comportar-se como um cidadão, regendo-se por um conjunto de direitos e deveres. As relações públicas devem contribuir para que a cada trabalhador da instituição seja conferida a qualidade de cidadão da comunidade a que pertence. A instituição tem o direito de exercer o seu papel de agente económico, mas também tem o dever de respeitar o enquadramento comunitário nos seus aspetos históricos, culturais, éticos, religiosos, políticos ou económicos. As relações públicas devem contribuir para a integração da instituição na sociedade. As instituições, tal como os seres humanos, também sentem necessidade de aceitação social. O sistema empresarial não pode ser dissociado do conjunto de variáveis e fatores que compõem o tecido social, pelo que é de grande importância a comunicação empresarial.
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